terça-feira, 18 de maio de 2010

o velho solitário


Estava num banco de jardim, estáva concentrada na minha música e não via, nem ouvia nada à minha volta; como se estivesse num mundo paralelo .

Até que se sentou ao meu lado um senhor, com alguma idade confesso. Olhou-me com um ar triste e perguntou-me:

«Queres ver o mundo como eu vejo ?! »

Eu, com a voz fraca disse que sim ... então começou a contar a sua história :

« Sabes, eu era assim, tal como tu. Um rapaz alegre e cheio de vida, mas só pela rua, pois, em casa era um rapaz completamente diferente; o meu pai bebia, e batia na minha mãe nesses dias...

Assisti a esses episódios várias vezes, e muitas delas com lágrimas nos olhos e sentindo-me covarde, por não poder defender a mulher que me fez vir ao mundo! Mas como o poderia fazer?! Um corpo tão pequeno como o meu contra um homem enorme e cheio de força, não conseguia!

Quando o via chegar fora de si, pegava na minha mãe e trancava-me no meu quarto com ela, não imaginas o que é veres o teu pai, como um mostro !»

Imaginando-me naquela história, estava a ficar comovida, e pensando como forte era aquele senhor por ter passado aquilo tudo sozinho !

Ele com uma lágrima ao canto do olho continuou :

« Mas sabes, houve um dia , quando já estava mais adulto, que disse o "chega", disse à minha mãe : " vens comigo, vamos embora desta casa!" ela apenas disse que não podia, porque apesar do que o meu pai lhe fazia ela amava-o demais! então eu respondi : "desculpa mãe , eu amo-te, mas não quero continuar assim, por mim chega! Vou embora!" peguei nas minhas coisas e fui embora!

Andei desvairado, pelas ruas da cidade, sem saber o que fazer, até que houve um amigo meu que me deu a mão e me ajudou com casa, e comida. Quando tive a minha casa construida, voltei para ir buscar a minha mãe e sabes o que vi quando espreitei pela janela ?! O meu pai bebado, e a minha mãe morta no chão , cheia de nódoas negras ... Se soubesses o que aquilo me revoltou ... Foi embora, e até hoje não tive mais noticias dele. »

«Como é que pode alguém ter uma história tão trágica?!» interrogava-me .

«Minha querida- disse-me ele - quando te casares, vê bem quem escolhes e por favor não cometas o maior erro : iludires-te no amor e ficares presa nele »

E com um ar triste e solitário, continuou o seu caminho .

1 comentário:

Bruno Alves disse...

Um blog cheio de paixão, amor verdadeiro e lágrimas derramadas... Excepcionalmente Incrivel...

Bruno Alves